Cidade: Brasil


Farmacêuticos lançam campanha contra automedicação

Ação fictícia realizada no fim do ano passado distribuiu remédios falsos para a população; 85% aceitou a medicação sem perguntar nada.

Ao abrir o remédio falso, pessoa recebia um alerta sobre os riscos da automedicação - Divulgação CFF

Ao abrir o remédio falso, pessoa recebia um alerta sobre os riscos da automedicação

A campanha foi embasada em uma ação fictícia de marketing realizada em São Paulo em dezembro do ano passado para o lançamento de um novo medicamento. Uma equipe do CFF simulou ser promotora de vendas de uma indústria farmacêutica falsa e distribuiu 4 mil caixas de um medicamento inexistente para as pessoas que passavam pelo local. Havia até o boneco gigante da caixa do remédio.

A embalagem do remédio falso, muito parecida com uma embalagem real, não tinha nome do fabricante nem o princípio ativo da medicação. Dentro, havia uma cartela com drágeas vazias e um alerta sobre os riscos da automedicação.

A ideia era exatamente alertar a população sobre os riscos do consumo de remédios sem indicação. Durante a ação, enquanto o falso promoter entregava o medicamento, uma outra pessoa da equipe preenchia um formulário, observando três questões básicas: 1 - a pessoa perguntou quem era o fabricante do remédio? 2 - perguntou se havia contraindicação? 3 - perguntou quais eram as indicações da medicação?

Os resultados são alarmantes: 85% das pessoas que receberam o remédio falso não perguntaram nada. Do total, 14,96% perguntaram para quê servia, menos de 1% questionaram se havia contraindicação e efeitos colaterais e só 0,35% perguntaram sobre o fabricante.

'Os dados demonstram que as pessoas entendem que o medicamento é um produto qualquer, sem riscos. Elas aceitam receber um remédio como se estivessem recebendo um pacote de bolachas', avalia Pedro Menegasso, presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP).

Internações. Segundo o CFF, nos últimos cinco anos o Brasil registrou quase 60 mil internações por intoxicação medicamentosa. Em 2010, segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), 27.710 pessoas foram internadas. Somente no Hospital das Clínicas de São Paulo, são cerca de 600 ao mês.

Ainda segundo o Sinitox, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os três principais agentes causadores de intoxicações em seres humanos, desde 1996. Menegasso diz que é preciso existir um processo de educação da população sobre os riscos do uso inadequado de medicamentos. A campanha do CFF vai durar o ano todo.




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